segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Resenha do Filme Invictus


O filme foca um momento da vida de Nelson Mandela ativista político que, depois de 27 anos de prisão política, ele é liberado e chega, quatro anos mais tarde, como  primeiro presidente negro de um país, mergulhado em um cenário de separação entre brancos e negros, devido ao apartheid, onde muitos cidadãos brancos temem o poder negro assim como muitos cidadãos negros olham Mandela como uma forma de se vingar do brancos.

 Uma nação dividida em linhas raciais e um “insight” de Mandela de que o esporte seria uma das estratégias fundamentais para a unificação da África, além de sua insistente visão ampla de democracia racial, que fica bastante clara em todas as suas relações.

O primeiro passo foi  tentar expor sua compreensão de democracia para uma população que queria “vingança”. Depois, procurou saber onde estava a dificuldade do time e percebeu que se tratava de uma dificuldade, não técnica, mas psicológica, pois o time encontrava-se em um cenário de total falta de apoio da população negra devido à sua representatividade com o apartheid, onde somente os brancos torciam pelo time.

Com resultados razoáveis o suficiente para se classificarem para a copa do mundo de  rúgbi de 1995, na África do Sul, Mandela marcou um encontro com o capitão do time François Pienaar  e o incentivou  com o poema “Invictus” que apresenta palavras fortes em seus versos finais: “Não importa o quão estreito seja o portão e quão repleta de castigos seja a sentença, eu sou o dono do meu destino e capitão da minha alma”.

Mandela usou com muita habilidade o esporte para unir o povo sulafricano, pois conseguiu uma interação do time de rúgbi com a população, culminando na conquista da vitória da copa do mundo e no fortalecimento da consciência de unificação da nação.

Nelson Mandela foi um visionário. Em um momento delicado da história da África do Sul, com o poder que lhe foi dado pelo povo que o admirava e o colocou na presidência da república de um país dividido em duas cores, teve visão amplamente democrática que adquiriu em anos de reclusão politica, teve sempre a sua missão muito bem definida e estaleceu um bom planejamento para executá-la.

Utilizando-se de um esporte  que só era aceito pelos brancos e odiado pelos negros devido seu poder representativo do apartheid, Nelson Mandela, que ficou 27 anos em cárcere político e agora, atual presidente, conseguiu levantar um time desmotivado, atráves de seu apoio ao capitão do time, um representante da elite branca do país.
O estranhamento da pacividade de Mandela certamente foi sentido por negros e brancos. Encontros, trabalhos sociais e interação com a população, fizeram o time superar suas dificuldades e diante de milhões de expectadores da copa do mundo, eles conquistaram a vitória.
 Com isso, Nelson Mandela combateu, mesmo que inicialmemte o cenário de confronto e desunião entre negros e brancos que mantinha o país separado e permitiu uma visão mais ampla  de todos através da união e do resultado de um trabalho em equipe. Seu sonho era construir uma "nação arco-íris em paz consigo mesma e com  o mundo".
Para identificar o problema do outro ele tomou como base o próprio sofrimento. Em determinado momento de sua vida, quando estava cansado e sem esperança, encontrou um poema na biblioteca da prisão, o qual serviu como um elo entre um eu despedaçado, que não tinha lugar nesse mundo, e outro que abrigava esperança. Quando nos sentimos compreendidos, seja por uma poesia, uma música, um olhar, tudo muda e a vida pode retomar, então, o sentido perdido. Sozinho em sua luta íntima, o poema Invictus foi um grande aliado.

Para incentivar François Pienaar (Matt Damon), capitão do time de rúgbi, Mandela usa a poesia “… nas garras do destino e seus estragos…”. Refere-se aqui ao destino que nos é imposto. A África racista, que causou muito sofrimento e estrago, não sofreu menos do que o time de rúgbi, agora segregado pelos negros.

“Eu sou dono e senhor de meu destino. Eu sou o comandante de minha alma.” François havia perdido o controle sobre sua esperança, sua capacidade, entregando-se ao desespero e à incerteza, assim como Mandela, em determinado momento de sua vida. O único controle restante, e mais importante, seria sobre si mesmo.


Uma grande parte do cenário de nossas vidas é feita de uma realidade que não escolhemos. A única parcela deste mundo que podemos ter controle é sobre o que vamos fazer com o que o “destino” nos oferece.

Diante de nosso “destino”, ou de situações impostas, podemos adotar uma infinidade de atitudes. Podemos aceitar, calar, consentir de diversas formas ou agir, dar até a última gota de nosso tempo e esforço em nome de algo que consideramos fundamental para que a vida tenha sentido.

Conectar-se ao mundo é um dos caminhos para que possamos encontrar o sentido de nossa existência, já que não somos destacados de nosso tempo. Nós comandamos ou soltamos o “corpo” e deixamos “a vida nos levar”? Somos os autores de nossa realidade ou deixamos que muitos decidam por nós?

Antes de definir nossas ações no mundo, nosso papel político, social, afetivo, devemos estar aptos a responder à seguinte questão: “O que, verdadeiramente, nos conecta à vida?”

Por Fernanda Davidoff

Psicóloga com especialização em Psicoterapia Breve e orientação Winnicottiana e colaboradora do Portal

Postado por Maristela Candida às 09:58 


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