sexta-feira, 11 de julho de 2014

Sociologia da Infância no Brasil. FARIA


Transgressão. Invenção. Reconhecimento. Diversidade. Construção alternativa. Identidade.



Expressões que as autoras e o autor da obra Sociologia da Infância no Brasil destacam em seus textos para dimensionar os estudos da infância como campo de pesquisa e área de conhecimento. Em cinco capítulos, o livro, lançado no segundo semestre de 2011, provoca inquietações nos seus leitores, à medida que explicita que o ator social criança, constantemente excluído e silenciado, ganha espaço e visibilidade nas Ciências Sociais, abandonando a condição de passivo no trato e na relação com a cultura e a sociedade.

A proposta do livro é apresentar o que pode ser entendido como mais um ramo da Sociologia, que considera as crianças pequenas como sujeitos. Elas não se organizam em movimento, mas são socialmente discriminadas. Como fica a resposta da Sociologia? Pensar a SI, aportada em pesquisas que revelem cotidiano, experiências, saberes e vozes das crianças diante da diversidade, rompe com o autoritarismo do mundo adulto e pode, nas Ciências Sociais, transgredir o pacto já acordado, no que se refere à pesquisa, olhando o mundo de outra perspectiva, "com olhos de criança".

A autora observa que a investigação com crianças deve ir além da sua condição de alunos ou de seres em desenvolvimento, tirando-as do papel de fragilidade, incompetência e negatividade. Suas indicações vêm sustentar as pesquisas descritas nos capítulos 3, 4 e 5 da obra, diretamente afetas à área de SI.

O capítulo 3, "A sociologia da pequena infância e a diversidade de gênero e de raça nas instituições de educação infantil", de Daniela Finco e Fabiana de Oliveira, traz, como expressão principal, a diversidade. Unindo a pesquisa de doutorado da primeira e o mestrado da segunda, o texto desvela preconceitos envolvendo, respectivamente, gênero e raça em instituições de Educação Infantil.

A obra marca pela inovação e por assumir que o desafio da SI também está em identificar e desconstruir modelos existentes e de rejeição a esse novo, à invenção, à criança com agência, onde há padronização de comportamentos e instituições. É o que acontece quando o professor trabalha com o mesmo planejamento durante décadas, ou ainda quando são propostas expectativas de aprendizagem na Educação Infantil. A expectativa é do adulto e, invariavelmente, pode levar à frustração de um e de outros implicados na relação educativa (adultos e crianças). Não considera o tempo presente das crianças nem a infância como categoria geracional.


Documentos como as Diretrizes Curriculares para a Educação Infantil legislam em favor da diversidade e dos direitos das crianças de ter seus saberes e culturas valorizados e reconhecidos. Todavia, grande parte das instituições de Educação Infantil segue modelos predeterminados, pautados numa educação urbana. 


A Sociologia da Infância no Brasil já vem traçando sua história. Pode ajudar-nos a compreender e a agir melhor em relação à infância e às crianças, viabilizando uma sociedade com "asas e desejos", que possibilite o novo, que desperte as Ciências Sociais para a criança agora, no tempo presente.



Bem-vinda, Sociologia da Infância no Brasil.


Fonte: Revista Sociologia acesso em 11/07/201.














Nenhum comentário:

Postar um comentário