Transgressão. Invenção. Reconhecimento. Diversidade. Construção
alternativa. Identidade.
Expressões que as autoras e o autor da obra Sociologia da Infância no Brasil destacam em seus textos para
dimensionar os estudos da infância como campo de pesquisa e área de
conhecimento. Em cinco capítulos, o livro, lançado no segundo semestre de 2011,
provoca inquietações nos seus leitores, à medida que explicita que o ator
social criança, constantemente excluído e silenciado, ganha espaço e
visibilidade nas Ciências Sociais, abandonando a condição de passivo no trato e
na relação com a cultura e a sociedade.
A proposta do livro é apresentar o que pode ser entendido como
mais um ramo da Sociologia, que considera as crianças pequenas como sujeitos.
Elas não se organizam em movimento, mas são socialmente discriminadas. Como
fica a resposta da Sociologia? Pensar a SI, aportada em pesquisas que revelem
cotidiano, experiências, saberes e vozes das crianças diante da diversidade,
rompe com o autoritarismo do mundo adulto e pode, nas Ciências Sociais,
transgredir o pacto já acordado, no que se refere à pesquisa, olhando o mundo
de outra perspectiva, "com olhos de criança".
A autora observa que a investigação com crianças deve ir além da
sua condição de alunos ou de seres em desenvolvimento, tirando-as do papel de
fragilidade, incompetência e negatividade. Suas indicações vêm sustentar as
pesquisas descritas nos capítulos 3, 4 e 5 da obra, diretamente afetas à área
de SI.
O capítulo 3, "A sociologia da pequena infância e a diversidade
de gênero e de raça nas instituições de educação infantil", de Daniela
Finco e Fabiana de Oliveira, traz, como expressão principal, a diversidade.
Unindo a pesquisa de doutorado da primeira e o mestrado da segunda, o texto
desvela preconceitos envolvendo, respectivamente, gênero e raça em instituições
de Educação Infantil.
A obra marca pela inovação e por assumir que o desafio da SI
também está em identificar e desconstruir modelos existentes e de rejeição a
esse novo, à invenção, à criança com agência, onde há padronização de
comportamentos e instituições. É o que acontece quando o professor trabalha com
o mesmo planejamento durante décadas, ou ainda quando são propostas
expectativas de aprendizagem na Educação Infantil. A expectativa é do adulto e,
invariavelmente, pode levar à frustração de um e de outros implicados na relação
educativa (adultos e crianças). Não considera o tempo presente das crianças nem
a infância como categoria geracional.
Documentos como as Diretrizes Curriculares para a Educação
Infantil legislam em favor da diversidade e dos direitos das crianças de ter seus
saberes e culturas valorizados e reconhecidos. Todavia, grande parte das
instituições de Educação Infantil segue modelos predeterminados, pautados numa
educação urbana.
A Sociologia da Infância no Brasil já vem traçando sua história.
Pode ajudar-nos a compreender e a agir melhor em relação à infância e às
crianças, viabilizando uma sociedade com "asas e desejos", que
possibilite o novo, que desperte as Ciências Sociais para a criança agora, no
tempo presente.
Bem-vinda, Sociologia da Infância no Brasil.
Fonte: Revista Sociologia acesso em 11/07/201.
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