quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

COMO DESENVOLVER UM ARTIGO CIENTÍFICO

Tanya Torrico
Especialista em Didática e Metodologia do Ensino Superior




OBJETIVO 


Este manual objetiva apresentar a forma de como se desenvolver um artigo científico. Tende a demonstrar as partes que compõem um artigo e uma explicação sucinta sobre o que caracteriza cada uma dessas partes.

1. CONCEITUAÇÃO E CARACTERÍSTICAS


Artigo científico consiste em permitir a divulgação dos resultados dos trabalhos de pesquisa, para conhecimento público, não só no sentido do patenteamento da autoria, como também da manifestação de atitudes críticas, que venham contribuir para o aprofundamento e a compressão inovadora de estudo realizado sobre determinado tema.

O artigo é a apresentação sintética, em forma de relatório escrito, dos resultados de investigações ou estudos realizados a respeito de uma questão. O objetivo fundamental de um artigo é o de ser um meio rápido e sucinto de divulgar e tornar conhecidos, através de sua publicação em periódicos especializados, a dúvida investigada, o referencial teórico utilizado (as teorias que serviam de base para orientar a pesquisa), a metodologia empregada, os resultados alcançados e a
apresentação da análise de uma questão no processo de investigação. Assim, os problemas abordados nos artigos podem ser os mais diversos: questões que historicamente são polemizadas, por problemas teóricos ou práticos novos.

2. ESTRUTURA DO ARTIGO

O artigo possui a seguinte estrutura:

1. Título;
2. Autor(es);
3. Resumo e Abstract;
4. Palavras‐chave;
5. Conteúdo (Introdução, desenvolvimento textual e conclusão);
6. Referências.


3. DEFINIR O OBJETIVO

Todo artigo científico deverá ter um objetivo bem definido e que simplesmente discorre sobre um assunto.

Preferencialmente, o objetivo deve ser exposto como uma pergunta a que se pode responder “sim” ou “não” ou uma afirmativa que vai ser comprovada ou negada. Esta afirmativa é chamada “hipótese nula” ou “hipótese inicial”.

Alguns exemplos:

 Determinar se existe correlação entre dois fatores (hipótese nula: existe correlação entre os dois fatores);

 Demonstrar que a incidência de acidente x não é conseqüência do tipo de transporte y (hipótese nula: o acidente x não é conseqüência do transporte y);

 Provar que é possível detectar a incidência de acidente x pelo tipo de transporte y (hipótese nula: a incidência de acidente x pode ser detectada pelo tipo de transporte y).

Em alguns casos, o objetivo pode ser exposto claramente sem o uso de hipótese nula:

 Comparar os resultados entre o processo x e y.


4. TÍTULO e SUBTÍTULO

São portas de entrada do artigo científico; é por onde a leitura começa, assim como o interesse pelo texto. Por isso deve ser estratégico, bem elaborado após o autor já ter uma ideia exata e bem avançada de sua redação final, estando com bastante segurança sobre a abordagem e o direcionamento que deu ao tema.

Deve ser uma composição de originalidade e coerência, que certamente provocará o interesse pela leitura.

O título do artigo científico deve ser redigido com exatidão, revelando objetivamente o que o restante do texto está trazendo. Apesar da especificidade que deve ter, não deve ser longo a ponto de tornar‐se confuso, utilizando‐se tanto quanto possível de termos simples, numa ordem em que a abordagem temática principal seja facilmente captada. O subtítulo é opcional e deve complementar o título com informações relevantes, necessárias, somente quando for para melhorar a compreensão do tema.

Na composição do título deve‐se evitar ponto, vírgula, ponto de exclamação e aspas ou qualquer outro elemento que interfira no seu significado, exceto o ponto
de interrogação.

Após, o nome(s) do(s) autor(s) de breve currículo, que os qualifique na área de conhecimento do artigo. Quando é mais de um autor, normalmente o primeiro nome é o autor principal, ou 1° autor, sendo sempre citado ou referenciado a frente dos demais.


5. RESUMO e ABSTRACT

Indica brevemente os principais assuntos abordados no artigo científico, constituído de frases concisas e objetivas, deve apresentar a natureza do problema estudado, os objetivos pretendidos, metodologia utilizada, resultados alcançados e conclusões da pesquisa ou estudo realizado, contendo entre 100 e 250 palavras, descritas em parágrafo único,sem a enumeração de tópicos. Deve‐ evitar qualquer tipo de citação bibliográfica. (ABNT.NBR‐ 6028, 2003).

OBS: Quando o artigo científico é publicado, em revistas ou periódicos especializados de grande penetração nos centros científicos, inclui‐se na parte preliminar o abstract e key‐words, que são o resumo e as palavras‐chave traduzido para o idioma inglês.


5.1 PALAVRAS‐CHAVE

São relacionadas de 3 a 6 palavras‐chave que expressem as idéias centrais do texto, podendo ser termos simples e compostos, ou expressões características. A preocupação do autor na escolha dos termos mais apropriados, deve‐se ao fato dos leitores identificarem prontamente o tema principal do artigo lendo o resumo e palavras‐chave. (NBR 6022).


6. INTRODUÇÃO


Informa o leitor sobre o tema sobre o qual o artigo discorre e justifica a realização do estudo, demonstrando sua relevância. Informações obtidas ao longo
do estudo devem ser apresentadas na seção “Resultados”. Na Introdução, inclua apenas informações com as quais o estudo foi iniciado.

A introdução deve criar uma expectativa positiva e o interesse do leitor para a continuação da análise de todo artigo.

A introdução apresenta o assunto e delimita o tema, analisando a problemática que será investigada, definindo conceitos e especificando os termos adotados a fim de esclarecer o assunto.

Segundo Azevedo (2001) a introdução é a parte inicial do trabalho, onde são estabelecidos, a delimitação da pesquisa, o problema de que trata e os objetivos desejados.

De acordo com Gonçalves (2004) na introdução devem constar os objetivos da pesquisa, o problema e as hipóteses de trabalho ou as questões norteadoras (quando for o caso), a justificativa da sua escolha e a metodologia utilizada, com base no referencial teórico pesquisado.


7. DESENVOLVIMENTO

O elemento textual chamado desenvolvimento é a parte principal do artigo científico, caracterizado pelo aprofundamento e análise pormenorizada dos aspectos conceituais mais importantes do assunto. É onde são amplamente debatidas as idéias e teorias que sustentam o tema (fundamentação teórica), apresentados os procedimentos metodológicos e análise dos resultados em pesquisas de campo, relatos de casos, dentre outros.

Quanto mais conhecimento a respeito, tanto mais estruturado e completo será o texto. A organização do conteúdo deve possuir uma ordem sequencial progressiva, em função da lógica inerente a qualquer assunto, que uma vez detectada, determina a ordem a ser adotada. Muitas vezes pode ser utilizada a subdivisão do tema em seções e subseções.

O desenvolvimento ou parte principal do artigo, nas pesquisas de campo, é onde são detalhados itens como: tipo de pesquisa, população e amostragem, instrumentação, técnica para coleta de dados, tratamento estatístico, análise dos resultados, entre outros, podendo ser enriquecido com gráficos, tabelas e figuras. 

O título dessa seção, quando for utilizado, não deve estampar a palavra “desenvolvimento” nem “corpo do trabalho”, sendo escolhido um título geral que
englobe todo o tema abordado na seção, e subdividido conforme a necessidade.


8. CONCLUSÃO


Parte final do trabalho, na qual são apresentadas as conclusões alcançadas com a pesquisa, deve guardar proporções de tamanho e conteúdo conforme a magnitude do trabalho apresentado. A conclusão deve limitar‐se a explicar brevemente as idéias que predominaram no texto como um todo, sem muitas polêmicas ou controvérsias, incluindo, no caso das pesquisas de campo, as principais considerações decorrentes da análise dos resultados. O autor pode nessa parte, conforme o tipo e objetivo da pesquisa, incluir no texto algumas recomendações gerais acerca de novos estudos, sensibilizar os leitores sobre fatos importantes, sugerir decisões urgentes ou práticas mais coerentes de pessoas ou grupos, dentre
outras considerações finais.


9. DICAS IMPORTANTES


Uma revisão de literatura, por exemplo, pode ter como objetivo comparar conclusões ou simplesmente expô‐las. Se a revisão busca comprovar a eficácia de um tratamento ou verificar se uma conclusão de outro artigo se aplica em casos diferentes, então a hipótese nula pode ser usada (verificar se o tratamento x é eficaz, verificar se a conclusão x pode ser validada).


10.  CONCLUSÃO


Muitos bons artigos trazem a conclusão embutida na discussão, sem uma sessão separada. No entanto, expor a conclusão em uma sessão a parte facilita a pesquisa de cientistas que buscam artigos específicos ou que fazem revisão da literatura sobre o tema. Eles saberão exatamente onde buscá‐la. A conclusão deve ser sucinta e não deve trazer nenhuma informação ou comentário novo, que não tenha sido exposto nas sessões “Resultado” ou “Discussão”. Em poucas frases, a conclusão retoma o objetivo do artigo e informa o que foi alcançado no estudo.


11. DICAS FINAIS


Para uma boa redação, algumas dicas são necessários, dentre elas (AZEVEDO, 2001):

 Não apelar pela generalizações (ex.: sabe‐se, grande parte, sempre, nunca);

 Não repetir palavras, especialmente verbos e substantivos (use sinônimos);

 Não empregar modismos linguísticos (ex.: em nível de, no contexto, a ponto de, grande impacto);

 Não apresentar redundâncias (ex.: as pesquisas são a razão de ser do pesquisador);

 Não utilizar muitas citações diretas. De preferência às indiretas, interpretando as idéias dos autores pesquisados;

 Não empregar notas de rodapé desnecessárias que possam interferir no texto, sobrecarregando‐o;

 Não usar gírias, abreviaturas, siglas, nomes comerciais e fórmulas químicas, exceto se extremamente necessário (ex.: Naum, saudações pt);


REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS


ABNT. NBR 6022: informação e documentação: artigo em publicação periódica
científica impressa: apresentação. Rio de Janeiro, 2003.

ABNT. NBR6023: informação e documentação: elaboração: referências. Rio de
Janeiro, 2002.

ABNT. NBR6024: Informação e documentação: numeração progressiva das seções de um documento. Rio de Janeiro, 2003.

ABNT. NBR6028: resumos. Rio de Janeiro, 2003.

ABNT. NBR10520: informação e documentação: citação em documentos. Rio de
Janeiro, 2002.

ABNT. NBR 14724: informação e documentação: trabalhos acadêmicos: apresentação. Rio de Janeiro, 2002.

AZEVEDO, Israel Belo. O prazer da produção científica: descubra como é fácil e agradável elaborar trabalhos acadêmicos. 10.ed. São Paulo: Hagnos, 2001.

GONÇALVES, Hortência de Abreu. Manual de Artigos Científicos. São Paulo: Editora Avercamp, 2004.

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