domingo, 28 de setembro de 2014

A IMPORTÂNCIA DA PRÁTICA E DA LEITURA E ESCRITA



O ato de ler permeia nossas vidas desde que começamos a "compreender" o meio que nos cerca. A constante vontade de decodificar e interpretar cada detalhe do mundo ao nosso redor faz com que nos tornemos leitores e construtores do conhecimento, muitas vezes, sem percebemos. 


Muito do que aprendemos na escola, infelizmente, não permanece em nossa memória, pois não exercitamos com frequência. O hábito da leitura e produção textual deve ser instigado constantemente por meio de situações que façam com que o indivíduo entenda que ler é algo importante e prazeroso. 

Saber ler e compreender o que os outros dizem é uma das características que nos tornam diferentes dos seres irracionais e é prática da leitura e escrita que nos proporcionam a capacidade de interpretação, criticidade e melhor fluência em nossa língua.

Portanto, é adquirindo prazer pelo hábito de ler e escrever que percebemos que essa é a melhor forma de ampliar o vocabulário e desenvolver a construção de textos. Que possamos, então, ampliar os meios que favoreçam ainda mais o hábito de ler, compreender e elaborar bons textos.

Fonte: Escola para todos acesso em 28/09/2014.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

BIOGRAFIA COMPLETA DE NÓVOA



António Manuel Seixas de Sampaio da Nóvoa

Tomou posse como reitor da Universidade de Lisboa em maio de 2009.
É também professor catedrático da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Lisboa e presidente da Associação Internacional de História da Educação - ISCHE (2000-2003). Áreas de especialização: História da Educação e Educação comparada. Em 2012 foi-lhe atribuído (por unanimidade) o título de membro honorário da UNIVERSEUM - European Academic Heritage Network, uma rede de Universidades, reconhecida pelo Conselho Europeu, que procura valorizar o patrimônio científico, museológico, monumental, botânico e arquivístico das Universidades Européias. 
Publicou mais de uma centena de trabalhos científicos na área da Educação - em particular sobre temáticas da profissão docente, da história da educação e da educação comparada -, em diversos países, nomeadamente Alemanha, Bélgica, Brasil, Canadá, Colômbia, Espanha, Estados Unidos da América, Finlândia, França, Portugal, Reino Unido e Suíça.


PRINCIPAIS OBRAS

Vidas dos Professores                                         
Formato: livro
Idioma: port. Portugal
Editora: porto editora
Assunto: pedagogia

PROFISSÃO PROFESSOR
Formato: livro
Idioma: port. Portugal
Editora: porto editora
Assunto: pedagogia

HISTORIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
FORMAÇÃO DO CAMPO
Formato: Livro
Organizador: Monarcha, Carlos
Idioma: portugues
Editora: UNIJUI
Assunto: PEDAGOGIA


 

FABRICATING EUROPE

Formato: livro
Organizador: lawn, martin
Organizador: novoa, antonio
Idioma: Inglês
Editora: kluwer academic
Assunto: pedagogia

 

PAULO FREIRE - POLÍTICA E PEDAGOGIA

Formato: livro
Idioma: port. Portugal
Editora: porto editora
Assunto: pedagogia

 

FABRICATING EUROPE

THE FORMATION OF AN

Formato: livro
Autor: lawn, m.
Idioma: inglês
Assunto: pedagogia

EVIDENTEMENTE - HISTORIAS DA EDUCAÇAO
Formato: Livro
Idioma: port. Portugal
Editora: ASA PORTUGAL
Assunto: PEDAGOGIA

MÉTODO (AUTO) BIOGRÁFICO E A FORMAÇÃO.
Formato: Livro
Organizador: Novoa, Antonio
Organizador: Finger, Matthias
Idioma: Português
Editora: paulus editora
Assunto: pedagogia

 

MÉTODO (AUTO)BIOGRÁFICO E A FORMAÇÃO

Formato: Livro
Organizador: Novoa, Antonio
Organizador: Finger, Matthias
Idioma: portugues
Editora: paulus editora
Assunto: pedagogia

PROPOSTAS

Para ele, a teoria e a ação educativas são dois conceitos que se deve caminhar juntos, Nóvoa faz uso da teoria e seus instrumentos variados procurando conclusões que não estejam evidentes. O trabalho é coletivo e de reflexões, então segundo ele temos que exercitar o que vivemos. Então ele propõe cinco teses  para formação de professores as quais são:

  •  a) assumir uma forte componente prática, centrada na aprendizagem dos alunos e no estudo de casos concretos;
  • b) passar para ‘dentro’ da profissão, isto é, basear-se na aquisição de uma cultura profissional, concedendo aos professores mais experientes um papel central na formação dos mais jovens;
  • c) dedicar uma atenção especial às dimensões pessoais, trabalhando a capacidade de relação e de comunicação que define o tato pedagógico;
  • d) valorizar o trabalho em equipe e o exercício coletivo da profissão;
  •  e) estar marcada por um princípio de responsabilidade social, favorecendo a comunicação pública e a participação dos professores no espaço público da educação.
  • Infelizmente, estas propostas estão muito distantes da realidade brasileira em termos de formação de professores.

Podemos então destacar a necessidade da componente prática, com foco no processo de ensino-aprendizagem e no exame da atuação de outros professores (estudo de casos), o que já deveríamos estar fazendo há bastante tempo!

O educador português acredita que o melhor lugar para os professores construírem suas histórias é o próprio local de trabalho. "É no espaço concreto de cada escola, em torno de problemas reais, que se desenvolve a verdadeira formação", disse ele em entrevista a NOVA ESCOLA em 2001. "Universidades e especialistas externos são importantes no plano teórico e metodológico. Mas todo esse conhecimento só terá eficácia se o professor conseguir inseri-lo em sua dinâmica pessoal e articulá-lo com seu processo de desenvolvimento profissional."

A tese de Nóvoa deixa mais claro por que não se deve separar a teoria da prática. o acesso a ações formativas é direito faz dele um instrumento de valorização. “Cada um de nós constrói o conhecimento à medida que trabalha e, por isso, qualquer plano de estudo deve ser feito no interior da escola, onde se desenvolve a prática”,

Focar a necessidade de aprender do aluno e tão igual ou maior necessária, mais é quase impossível colocar-se em pratica, por uma cultura pré estabelecida, há muito tempo, ou melhor, dizer há décadas que concentra toda a ação pedagógica no professor.

Outros pensadores da educação, almejam a  capacidade de ouvir (difícil de encontrar) e também mudanças estratégicas no trabalho do educador, que passaria a ter que concentrar suas ações no papel do orientador das realizações dos educadores, trazer, participar e esclarecer idéias quando necessário e, em especial, levando os alunos a se tornar o centro do trabalho realizado na escola

SELEÇÃO DE PUBLICAÇÔES
Artigos em revistas com referees
Nóvoa, A. (2010). La construcción de un espacio educativo europeo: Gobernando a través de los datos y la comparación. Revista Española de Educación Comparada, 16, 23-41.

Nóvoa, A. (2009). Para una formación de profesores construida dentro de la profesión.Revista de Educación, 350, 203-218.

Nóvoa, A. (2009). Educación 2021: Para una historia del futuro. Revista Iberoamericana de Educación, 49, 181-199.

Nóvoa, A. & Yariv-Mashal, T. (2003). Comparative Research in Education: a mode of governance or a historical journey?. Comparative Education, 39 (4), 423-438.

Capítulos de Livros
Nóvoa, A. (2009). Governing without governing – The formation of a European educational space. In Apple, M. W., Ball, S. J. & Gandin, L. A.(eds.), The Routledge International Handbook of the Sociology of Education (pp. 264-273). Abingdon, Oxon: Routledge.

Nóvoa, A. (2009). Professores: el futuro aún tardará mucho tiempo?. In Célaz, C. & Vaillant, D. (coord.), Aprendizaje y desarrollo profesional docente (pp. 49-55). Madrid: OEI/Fundación Santillana. 


ENDEREÇO PARA CONTATO.
Professor Catedrático
Telefone Institucional: 217 943 823
Email: anovoa @ ie.ul.pt

Área de Investigação e Ensino

História e Psicologia da Educação

Grupo de Investigação

História da Educação

Áreas de Interesse  

Educação comparada. Formação de professores.

Fonte: Grupo Pós - Didática e Metodologia do Ensino Superior. 2014 em 23/09/2014.

domingo, 21 de setembro de 2014

FALANDO DE LETRAMENTO


I. ARTIGO


Designa-se por letramento ou literacia  o resultado da ação de ensinar a ler e escrever. É o estado ou a condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita.
Surge um novo sentido para o adjetivo letrado, que significava apenas “que, ou o que é versado em letras ou literatura; literato” , e que agora passa a caracterizar o indivíduo que domina a leitura, ou seja, que não só sabe ler e escrever (atributo daquele que é alfabetizado), mas também faz uso competente e freqüente da leitura e da escrita. Fala-se no letramento como ampliação do sentido de alfabetização e como prática social que favorece aos sujeitos interpretar os discursos veiculados socialmente.
O nível de letramento é determinado pela variedade de gêneros de textos escritos que a criança ou adulto reconhece. Segundo essa corrente, a criança que vive em um ambiente em que se leem livros, jornais, revistas, bulas de remédios, receitas culinárias e outros tipos de literatura (ou em que se conversa sobre o que se leu, em que uns leem para os outros em voz alta, leem para a criança enriquecendo com gestos e ilustrações), o nível de letramento será superior ao de uma criança cujos pais não são alfabetizados, nem outras pessoas de seu convívio cotidiano lhe favoreçam a atuação na sociedade grafo-cêntrica.
Por indicar uma vasta gama de práticas sociais no âmbito da cultura escrita, o conceito letramento vem sendo acompanhado por adjetivos que buscam delimitar cada uma de suas dimensões, sendo possível encontrar estudos sobre letramento matemático, literário, musical, científico, etc. Tal diversidade vem sendo objeto de vários estudos, como os desenvolvidos por Rojo (2012) - Multi-letramento na escola. São Paulo: Parábola, 2012.
Estudiosos afirmam que são muitos os fatores que interferem na aprendizagem da língua escrita, porém estudos recentes incluem entre estes fatores o nível de letramento. Paulo Freire afirma que "na verdade, o domínio sobre os signos linguísticos escritos, mesmo pela criança que se alfabetiza, pressupõe uma experiência social que o precede – a da 'leitura' do mundo, que aqui chamamos de letramento.
E atualmente, o ensino passa por uma revisão, haja vista que as pesquisa Provinha Brasil tem comprovado que embora escolarizada, um volume considerável de estudantes apresenta grau insatisfatório de letramento. Ela(e) lê o que está escrito, mas não consegue compreender, interpretar o que leu e isso pode acarretar algumas limitações, pois se ele não interpreta ou compreende corretamente, ele poderá ter dificuldades de aprendizagem em diferentes disciplinas escolares. De acordo com Freire (1989, p. 58-9), “(...) o ato de estudar, enquanto ato curioso do sujeito diante do mundo é expressão da forma de estar sendo dos seres humanos, como seres sociais, históricos, seres fazedores, transformadores, que não apenas sabem mas sabem que sabem.”
Sendo assim, o professor tem um primordial papel no sentido de transformar esta pessoa alfabetizada, em uma pessoa letrada e isso se dá através de incentivos variados, no que diz respeito à leitura de diversas tipologias textuais e também utilizando-se de exercícios de interpretação e compreensão de diferentes tipos de textos, em que vários tipos de ferramentas podem ser utilizados. Podem ser usados materiais mais convencionais como livros, revistas, jornais, entre outros e materiais mais modernos como Internet, blogs, e-mails, etc. Também existem muitos jogos, materiais lúdicos e brincadeiras que incorporam a leitura e tornam o aprendizado mais natural e um pouco mais instintivo - principalmente por parte das crianças.
Portanto, mais importante que decodificar símbolos (letras e palavras), é preciso compreender a funcionalidade da linguagem em suas representações oral e escrita, pois é assim que o sujeito exerce sua cidadania e tem mais oportunidades de agir no mundo de forma autônomo e crítica.

FONTE: Letramento em Foco acesso em 21/09/2014.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

LOUCURA E DISTÚRBIOS


Como a Sétima Arte Retrata os Distúrbios Mentais.

Loucura de Dalí em "Quando fala o coração"
O cinema se presta, mais do que qualquer outra forma de arte, à representação de transtornos mentais. Paranoicos, psicóticos e outros transtornados fascinam ou perturbam o espectador porque a loucura interrompe a ordem imanente do mundo e as modalidades habituais de percepção deste. Cinema e loucura – Conhecendo os transtornos mentais através dos filmes (Artmed), de J. Landeira-Fernandez e Elie Cheniaux, é a primeira obra publicada entre nós a classificar sistematicamente os distúrbios mentais de personagens cinematográficos. Cada capítulo descreve os aspectos clínicos de um determinado transtorno mental e, em seguida, exemplos cinematográficos do mesmo transtorno são apresentados e comentados. Os autores discutem um total de 184 filmes, muitos deles bastante conhecidos. “O livro é uma ferramenta acadêmica para o ensino de psicopatologia e de psiquiatria, fornecendo exemplos concretos que em sala de aula são tratados de maneira mais abstrata”, afirma J. Landeira-Fernandez, professor da Universidade Estácio de Sá (Unesa). “Usar filmes motiva o aluno e é especialmente interessante nos casos de alunos que não têm acesso a pacientes de carne e osso”, observa Elie Cheniaux, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj).
A relação entre o cinema e o psiquismo é uma evidência, pois a sétima arte representa o humano sob todas as suas formas, das mais risonhas às mais sombrias. Por outro lado, o próprio dispositivo cinematográfico – a sala escura em que são projetadas imagens, com o espectador em situação de passividade relativa, de imobilidade – determina um estado regressivo artificial que remete ao sonho. Este implica sujeito que se afasta do real e é envolvido por suas imagens. No cinema, acontece algo semelhante com o espectador. A experiência do sonho, com suas associações livres, também pode ser comparada à montagem cinematográfica, que faz coexistir mundos aparentemente heterogêneos.
Além dessas analogias, convém lembrar que o cinema e a psicanálise, oriunda da psiquiatria, nasceram praticamente ao mesmo tempo, entre o fim do século XIX e o começo do seguinte, revolucionando a abordagem da realidade. Hanns Sachs, discípulo de Freud, foi um dos primeiros psicanalistas a manifestar interesse pelo cinema. Em seu seminário, Jacques Lacan, outro pioneiro da psicanálise, fez uma análise do personagem principal de O alucinado (1953), de Luis Buñuel, um célebre caso de paranoia.
O louco de Nicholson em "O iluminado"
“A dramaturgia se baseia no conflito. Um filme, segundo o modelo clássico, tem três atos: a introdução dos personagens, o desenvolvimento de conflitos entre eles e a resolução dos conflitos. Muitos desses conflitos são de natureza mental. Um filme com personagens ‘normais’, resolvidos e sem conflito, não despertaria o interesse do público. Mas um filme com figuras perturbadas, fora da normalidade, traz conflitos, que fazem a narrativa avançar. O personagem ‘maluco’ é mais cinematográfico. O desvio seduz; a norma, não”, argumenta Flávio Ramos Tambellini, coordenador docente da Escola de Cinema Darcy Ribeiro, no Rio.
Em Cinema e loucura, os personagens cinematográficos são encarados como casos clínicos. Farrapo humano (1945), de Billy Wilder, retrata muito bem a riqueza dos sintomas presentes no quadro de abstinência de álcool. Noivo neurótico, noiva nervosa(1977), de Woody Allen, apresenta o transtorno distímico – caracterizado por sintomas depressivos menos intensos do que os observados em um quadro depressivo típico – e também o transtorno de ansiedade generalizada.
Porém muitas vezes os transtornos mentais não estão bem representados, pois o filme não tem finalidade educativa, obedece a injunções artísticas e comerciais. “Roteiristas e cineastas não têm obrigação de ser fiéis à realidade. O cinema não tem a obrigação de ser didático. É arte, não ciência”, constata Cheniaux. Entretanto tais distorções não desautorizam a abordagem proposta pelos autores, ao contrário. Em Uma mente brilhante (2001), de Ron Howard, biografia de John Nash, matemático e Prêmio Nobel de Economia, a esquizofrenia do personagem está mal descrita. “Ele tem alucinações visuais, cinestésicas e auditivas. Está errado, pois os esquizofrênicos têm alucinações unimodais, sendo a modalidade auditiva a mais co­mum. Efetivamente, o John Nash real tinha apenas alucinações auditivas. Mesmo estando errada, a representação do sintoma já serve como exemplo negativo”, diz Landeira-Fernandez.
Em outros casos, o personagem tem um comportamento que não se encaixa em nenhuma categoria diag­nóstica. Frequentemente, essa “loucura” reflete o senso comum, é muito diferente dos sintomas de um doente mental real. O livro também compila filmes com estas distorções. Em Repulsa ao sexo (1965), de Roman Polanski, Carol, personagem vivida por Catherine Deneuve, tem horror à penetração e apresenta uma série de comportamentos estranhos. Qual transtorno mental teria estas características? Os distúrbios de Carol não se enquadram nas categorias descritas peloManual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-IV-TR), que orientou os autores.
Os problemas de diagnóstico, contudo, estão longe de ser uma especificidade do cinema. “Na medicina, as doenças são definidas a partir de suas causas. Mas na psiquiatria as categorias são descritas apenas pelos sintomas e isso é bastante criticável. Frequentemente, um mesmo paciente preenche critérios diagnósticos para mais de uma categoria nosológica ao mesmo tempo. Fica difícil acreditar que ele tenha três ou quatro doenças psiquiátricas ao mesmo tempo. É algo até certo ponto arbitrário”, afirma Cheniaux.
Cena de "Repulsa ao sexo"
Nas primeiras décadas do século passado, os “loucos” estavam geralmente confinados ao gênero fantástico e eram, em geral, criminosos. Com O gabinete do doutor Caligari(1919), clássico do expressionismo alemão, de Robert Wiene, a loucura entra nas modalidades de representação cinematográfica. Como em outros filmes expressionistas, os cenários fortemente estilizados e a gestualidade brusca dos atores traduzem simbolicamente a mentalidade dos personagens e seus estados de alma. Caligari é um médico louco que hipnotiza César, seu assistente, para que ele cometa crimes, afirmando uma vontade de poder paranoica. Outra figura perversa e inteligente desta época é o personagem central de Doutor Mabuse (1922), de Fritz Lang. Trata-se de um psiquiatra que também recorre à hipnose para manipular as pessoas e cometer seus crimes. Mabuse é devorado pelo desejo de governar por meio do dinheiro, enquanto a sede de poder de Caligari é abstrata. A loucura de Mabuse e a passividade mórbida de suas vítimas apontam para a decadência da sociedade alemã da época e para o caos que então grassava no país.
Outro filme de Lang, M – O vampiro de Dusseldorf (1931), se interessa de maneira mais realista pela psicologia dos personagens. A figura central é um assassino de meninas, que, entretanto, é mostrado com humanidade em seu horror. Mas a sociedade não é melhor: diante da incapacidade da polícia em prendê-lo, ele é “julgado” por outros delinquentes, prefigurando o que iria acontecer na Alemanha em poucos meses com a chegada dos nazistas ao poder.
A partir dos anos 1940, a psicanálise ganha espaço nos meios de comunicação. Surgem os thrillers psicanalíticos, que utilizam o arsenal da psicanálise de maneira rústica e ingênua. O protótipo destes filmes é Quando fala o coração (1945), de Alfred Hitchcock. Constance (Ingrid Bergman) é uma jovem psiquiatra de um asilo que se apaixona pelo novo diretor. Mas ela logo se dá conta de que o homem que ama (Gregory Peck) é um doente mental que se faz passar pelo doutor Edwards. A partir dos sonhos do doente e depois de uma sessão de análise, Constance descobre que ele perdera a memória e com­preende por que o doente assumira a culpa por um crime que não cometera: ele testemunhara a morte do verdadeiro Edwards, assassinado pelo ex-diretor do asilo, assim como ele mesmo, em uma brincadeira quando era criança, empurrara o irmão menor para a morte. Além da angústia diante da loucura, o filme mostra a angústia da loucura, figurando o medo do personagem por meio de sonhos (desenhados por Salvador Dalí) que revelam um mundo cheio de alucinações e símbolos pretensamente produzidos pelo inconsciente. Neste e em outros filmes do período, a psicanálise é reduzida a um método capaz de resolver obscuros conflitos por meio do deciframento de um conjunto de signos geralmente claríssimos.
A partir dos anos 1950, sob o impacto dos horrores da Segunda Guerra Mundial, tem início o questionamento da reclusão do doente. Ao mesmo tempo, surgem novos psicofármacos, que provocam graves efeitos colaterais, levando muitos pacientes a recusar o tratamento. Como reação à psiquiatria da época, aparece a antipsiquiatria, que ganhou vulto nos anos 1960, no auge da contracultura. Alguns filmes retratam bem este momento, como Family life (1971), de Ken Loach; Uma mulher sob influência(1974), de John Cassavetes, e Um estranho no ninho (1975), de Milos Forman, criticando uma sociedade que prefere confinar os doentes em vez de ajudá-los a mitigar seu sofrimento, oferecendo como tratamento apenas a camisa de força, choques elétricos e drogas.
Estes filmes afirmam uma nova visão do cinema sobre a loucura, mais preocupados com o peso da sociedade sobre os indivíduos. Alguns deles interrogam a “loucura” desta sociedade, da família, levantando a questão da normalidade.
O grande precursor desta vertente é Ingmar Bergman, que fez da loucura um de seus temas obsessivos. Apesar das transformações na representação da loucura pelo cinema, a imensa maioria dos filmes continua a banalizar a loucura, com velhos clichês que fazem dos doentes mentais criminosos de filme policial ou abobalhados de comédia.
Fonte: Revista FAPESP

DOCÊNCIA UNIVERSITÁRIA


ARTIGO

Pode-se afirmar que a docência universitária é algo desafiador


1. INTRODUÇÃO

O objetivo deste artigo é refletir sobre as principais competências e os saberes necessários para atuar no ensino superior, enfatizando que não apenas os cursos de graduações, especializações e pós-graduações Stricto Sensu, dão subsídios para o exercício do magistério superior, é importante analisar a Formação Pedagógica continuada do docente durante toda a vida acadêmica.


O artigo apresenta varias referências de alguns autores sobre os saberes e as competências necessárias para o exercício da docência universitária. Enfatiza que para o exercício da docência universitária, o profissional deve ser habilitado e capacitado para uma docência voltada a incentivar o aluno ao uso do conhecimento da ciência para o bem e melhoria da vida na sociedade em que será inserido.

O mundo vive em constantes transformações e inovações, daí a necessidade de está sempre se reciclando, acompanhando os novos paradigmas curriculares da educação. É necessário que o docente esteja disposto a inovar e pesquisar, buscando uma nova aprendizagem, investigando como se aprende a ser docente e compreender os processos de como se constrói o conhecimento.


Como já foi mencionado, não basta apenas ter uma graduação, especialização ou pós Stricto Sensu, mas saber contextualizar as informações, teorias, conceitos e princípios, pesquisar novas informações incentivando a criticidade e autonomia nos educandos.


1.1 Saberes e competências do professor universitário

Segundo Pimenta (2010 p. 215)
O papel do professor será, então, de desafiar, estimular, ajudar os alunos na construção de uma relação com o objeto de aprendizagem que, em algum nível, atenda a uma necessidade deles, auxiliando-os na tomada de consciência das necessidades apresentadas socialmente a uma formação universitária. Isso só se fará num clima favorável à interação, ao questionamento, à divergência, adequado para processos de pensamentos críticos e construtivos.


Pode-se afirmar que a docência universitária é algo desafiador e vem sendo nos últimos tempos alvo de grandes estudos, mostrando a necessidade de estabelecer a identidade do professor na pesquisa, no ensino e na extensão. Esta identidade não é um dado imutável e nem externo que possa ser vestido como uma vestimenta, ela se dá num processo histórico, em respostas as necessidades apresentadas pela sociedade. Uma identidade profissional se constrói levando em consideração a sua significação social. Pimenta (2010)

O papel de uma instituição de ensino é a mediação reflexiva, em que se faz necessário à investigação pelo conhecimento. Esta mediação reflexiva é complexa por exigir conhecimento, e neste contexto, a identidade do professor constitui um processo epistemológico que reconhece a docência como campo de conhecimentos específicos configurados nas diversas áreas do saber, bem como: das ciências humanas, ciências naturais, cultura, artes, e do ensino; os conteúdos didáticos e pedagógicos devem ser diretamente relacionados ao campo da atividade profissional e mais amplos no campo teórico da pratica educacional, os conteúdos ligados à explicitação do sentido da existência humana individual, com sensibilidade pessoal e social. Esses são saberes que devem ser mobilizados articuladamente nos percursos de formação inicial e continua. 


Fonte: Portal Educação acesso em 08/09/2014.