Resumo : Este trabalho teve como objetivo a busca pelo despertar de sentimentos através da música e do lúdico e a compreensão dos sentidos dados por pessoas hospitalizadas diante desse encontro. Foi realizada uma pesquisa de campo de cunho qualitativo descritivo exploratório, em uma perspectiva fenomenológica existencial, direcionada pelo olhar analítico de Dulce Critelli para que pudéssemos questionar ao fenômeno através de uma pergunta disparadora aquilo que queríamos saber sobre ele. No primeiro capítulo discorremos sobre a historicidade do hospital, as políticas públicas nacionais de saúde, a entrada e o papel da psicologia no hospital e as implicações do adoecimento e hospitalização para o paciente. O segundo e terceiro capítulos trazem a utilização histórica da música e a importância dos recursos lúdicos no contexto hospitalar. No quarto capítulo objetivamos discorrer sobre o olhar fenomenológico constituído por Husserl e ontologizado por Heidegger retomando a questão do ser. No quinto e último capítulo nos dedicamos à expor nas entrevistas as implicações individuais dos encontros, que nos levaram a refletir sobre a atitude humanizada do profissional de psicologia diante da possibilidade de lançar mão desses e outros recursos, criando um novo espaço para a abertura e fortalecimento da relação. Entrevistamos sete pessoas, em uma clínica nefrológica de Pernambuco, acometidas pelo adoecimento dos rins, que se encontravam no momento da pesquisa diante da máquina dialisadora. Esses encontros nos proporcionaram experienciar a condição de ser si mesmo com o outro em um processo dialógico e autêntico que fez surgir do silêncio à fala poética aquilo da sua história que, antes velado, pôde ser desvelado, revelado, testemunhado, veracizado e autenticado.
Palavras-chave: Música, Ludicidade, Adoecimento, Fenomenologia, Ser-com.
1. Os Porquês e os “Por Ondes”
A idealização desse trabalho surgiu primeiramente do amor que temos pela música, pelo bem estar que esta nos traz e por enxergarmos no lúdico um espaço que encontramos para expressarmos com autenticidade e pureza o nosso lado afetivo, carismático e, por hora, tímido.
Nossa história de vida é permeada por afetos, pela presença da nossa família diante do estímulo e apoio à vontade de seguirmos trilhando os nossos caminhos com o olhar direcionado à sensibilidade para com o outro, influenciando diretamente na escolha pela psicologia, área das ciências humanas enquanto formação acadêmica, e pela música enquanto característica “nata”, que nos toca e faz refletir sobre o modo como somos e estamos no mundo com os outros.
Enquanto alunos de psicologia, nos apercebemos diante da possibilidade de utilizarmos a música e o lúdico como uma maneira de criar condições para que o outro pudesse experienciar em uma situação cotidiana o acesso a sentimentos que porventura surgiriam naquele encontro e percebesse neles algum sentido diante da sua história de vida.
Além disto, em algum momento da nossa vida estivemos na condição de pacientes, internados e com um turbilhão de sentimentos que marcaram e que nos impulsionaram a buscar no contexto hospitalar e clínico o encontro com outros que, mesmo estando em momentos distintos e singulares, compartilham de algo em comum: a questão do estar enfermo e, de algum modo, limitado à algumas possibilidades diante daquela condição de adoecimento.
Compreendemos a música como sendo um meio de expressão artística no qual o homem põe a sua realidade fundida com os seus sentidos, como uma maneira de comover e transparecer sentimento não só reproduzindo, mas também transparecendo certa harmonia. Cremos que a música e a saúde estão interligadas em uníssono, e a sua reprodução, criação e/ou o seu cantar pode trazer o não existir ao existir, o silêncio à fala.
Nessa perspectiva, contextualizando as vivências, histórias e implicações de cada um com a música e com a psicologia, unimos as nossas vontades e sonhos para provocar sentidos na relação música e cuidado em pessoas que estão hospitalizadas, instigando a questionar: a música poderia colaborar nos processos psicológicos ou psicoterapêuticos? Quais as implicações que a música poderia provocar em pessoas que estão em compadecimento no Hospital?
Levando em consideração a imprevisibilidade das coisas, nos lançamos nos encontros sem saber ao certo o que poderia surgir dali, e fomos, no entanto, em busca de mais um sonho, da realização de um trabalho humano e humanizado, que envolveu sentimentos em ambas as partes com sinceridade e comprometimento no fazer saber embalados pelo refrão da música “Imagine”:
Fonte: TORRICO, Tanya. Disponível em < http://docentetanyametodologia.blogspot.com.br> Acesso em 28/06/2015.
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