quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

PRÁTICAS DE LETRAMENTO

Resumo: Preciso “ensinar” o letramento? Não basta ensinar a ler e a escrever?, de Angela B. Kleiman




No capítulo introdutório do livro, a autora diz que o conceito de letramento é um tanto confuso, uma vez que é um termo utilizado por diversas áreas, como didática, pedagogia, linguística aplicada. Por esse motivo, ela prefere explicar antes o que o letramento não é, para então esclarecer o conceito.

Em primeira instância, Angela Kleiman explica que letramento não é um método de ensino, mas baseia-se na imersão da criança, do jovem ou do adulto no mundo da escrita e da leitura. Para tal fim, os professores podem adotar práticas cotidianas em sala de aula que envolvam a constante presença de textos, livros, revistas, placas, etc, visando ampliação de vocabulário e de conhecimento e fluência de leitura do aluno.

A seguir, a autora diz que letramento não é alfabetização, mas estão associados. A alfabetização é constituída de prática (concretizada em sala de aula, liderada por um especialista – nesse caso, o professor), conjunto de saberes sobre o código escrito (esfera em que podemos denominar um individuo analfabeto, semi-analfabeto, semi-alfabetizado e alfabetizado, de acordo com os níveis de saber que ele apresenta) e processo de aquisição (que envolve sequências de operações cognitivas e engajamento físico-motor, mental e emocional).

A alfabetização precisa de um ensino sistemático, diferentemente de outras práticas de letramento, onde se é possível aprender apenas olhando os outros fazerem. Uma pessoa que saiba a função de um bilhete, de um rótulo, mesmo que marginalmente, é considerada letrada, mas não necessariamente ela é alfabetizada. Como prática escolar, a alfabetização é de suma importância: todos que desejam participar de forma autônoma da sociedade devem ser alfabetizados.

O letramento também não pode ser considerado uma habilidade, mesmo que seja composto de um conjunto delas e de competências. A leitura de um jornal, por exemplo, envolve muito mais habilidades e competências do que parece. O leitor sabe o significado de manchetes maiores ou menores, sabe em que parte do jornal vai achar certo tipo de notícia. E estas capacidades nada têm a ver com a capacidade de leitura propriamente ditas.

No segundo capítulo, Kleiman explica que o letramento é um conjunto de práticas de uso da escrita mais amplo do que as práticas escolares, mas que as incluem. Então, ela traça comparações entre as práticas letradas dentro e fora da escola:
  •  Prática coletiva e cooperativa X prática individual e competitiva: dentro da escola, alunos competem entre si, enquanto fora da sala de aula, eles se ajudam nas diversas atividades que envolvem ler (e.g: procurando um endereço num guia de ruas); leituras comunitárias em sala de aula são um bom jeito de aproximar a vivência escolar da vivência extraescolar.
  • Prática situada X abstração: fora da sala de aula há uma tendência humana de contextualizar a ação, ou seja, o modo com que se realiza uma atividade, o recurso que se mobiliza, o material que se utiliza são diferentes de acordo com a situação em que se encontram. Já as práticas escolares são desvinculadas da situação de origem, indiferentes à situação. Quando mudam os objetivos, mudam as estratégias de leitura.
O terceiro capítulo discorre sobre o letramento escolar. Ali ela diferencia estudantes que crescem em metrópoles, rodeadas de outdoors, placas, anúncios e avisos de todos os tipos - que mesmo antes de aprenderem o valor fonético das letras, já leem o que lhes é familiar (e.g. o M do McDonald’s e a grafia cursiva da Coca-Cola) –, de crianças que crescem em áreas rurais, portanto sem tais recursos visuais. Além disso, crianças que participam de eventos de letramento no lar, associa a leitura de um livro a algo prazeroso, embora esse não seja um sentimento universal, uma vez que adultos que não tiveram contato ou que tiveram dificuldades com a leitura de livros, associam a atividade a algo desconfortável.  A autora realça, ainda, que permitir e ajudar que os alunos deem asas à imaginação na hora da leitura de um livro é essencial para que eles contextualizem a história do livro.

Unir práticas didáticas com acontecimentos do dia-a-dia é uma boa forma de permitir que os alunos compreendam as funções dos gêneros e da escrita. Quando o foco está na prática do letramento, é menos provável que se engaje o aluno em atividades de “faz de conta”.

Em seguida, Kleiman discorre sobre a hibridicidade das situações cotidianas: dependendo da formalidade ou informalidade da situação, podemos usar a linguagem escrita ou a oral, uma vez que a relação entre a oralidade e o letramento não é de oposição, mas de continuidade. Outra forma de conceber a relação entre os diversos gêneros é a classificação por “famílias” de textos, que se baseia nas semelhanças de função e estrutura do gênero.

Para a autora, o professor deve usar do letramento para continuar a aprender e, consequentemente, ensinar. Para formar leitores, o professor deve ser totalmente letrado e gerir saberes.

Conclui, então, que o letramento pode começar com atividades práticas simples, que visam extrair as informações dos textos. Este trabalho deve permitir também que a criança experimente diversos modos de agir por meio de manuseio e “escaneamento” de revistas ou mapas à procura de informações e leituras atentas. Porém, acima disso, no contexto escolar, o letramento inclui a capacitação de leitura de textos que circulam nas mais diversas esferas sociais. A criança somente passará a escrever se for tão fluente na escrita como é na fala e, para isso, é preciso fazer uso de abordagens e recursos de desvendamento de texto e ensinar o processo sócio-cognitivo que está por trás da compreensão da escrita.

terça-feira, 29 de novembro de 2016

DICAS DE COMO FAZER A CONCLUSÃO DA MONOGRAFIA

1. Por onde começar, sobre o que escrever?
O ideal é que você consiga mesclar seu interesse pessoal, seu interesse profissional e a área do curso que você está terminando. Assim, você satisfará as necessidades acadêmicas, escreverá sobre algo que você goste, e ainda aprofundará seus conhecimentos numa área interessante profissionalmente.
2. Pesquisa bibliográfica
Definido o tema, converse com seu orientador para ter algumas ideias e pontos de vista sobre o assunto escolhido. Feito isso, parta para uma pesquisa bibliográfica: livrosartigos, revistas, internet – pesquise tudo o que conseguir sobre o tema, conheça o que já existe, quais propostas foram analisadas, o que funciona e o que não funciona para a área.
3. Sua contribuição
Agora vem a parte mais interessante do trabalho, que é quando você coloca seus neurônios para funcionar e propõe algo que ainda não foi feito, analisa os dados de uma forma única, explora uma situação específica. Você pode fazer através de um estudo de caso: levante informações sobre o caso (uma empresa, um produto, uma cidade, um processo) e nesta parte você deverá oferecer seu ponto de vista, sua contribuição, as mudanças que você sugere e o que você acha que está errado. Esta etapa é a mais complicada de ser bem executada, pois você precisa dominar o assunto e a situação.
4. Analise os resultados
Se for possível implantar as suas sugestões, esta etapa será a mais rica do trabalho. Você poderá comparar o desempenho antes e depois, como quem olha duas fotografias, uma antiga e uma recente. O que funcionou? Por que funcionou? É viável aplicar o mesmo procedimento em outros casos? O que este caso tinha de particular que fez com que suas sugestões funcionassem?
5. Conclusão
Finalmente, o que você conclui com o trabalho? O que aprendeu, o que ofereceu de novo para os leitores? Resuma o problema e os resultados, escreva seu ponto de vista. Termine com chave de ouro.

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

ENEM 2016 - REDAÇÃO - POSSÍVEIS TEMAS



ÍNDICE DE TEMAS


segunda-feira, 22 de agosto de 2016

INTRODUÇÃO DE ARTIGO CIENTÍFICO

Conteúdo da introdução


A introdução é a parte do artigo científico em que o autor informa o que foi pesquisado e o porquê da investigação. É local para identificar aspectos particulares da pesquisa, tais como a justificativa para a sua realização, a originalidade e a lógica que guiou a investigação. Algumas questões auxiliam na redação.

De que trata o estudo? 
Por que foi feito? 
Por que deve ser publicado?
Procura-se também mostrar que a pesquisa está assentada em bases sólidas. Assim, na introdução, se faz a ligação com a literatura pertinente. 

O que se sabia sobre o assunto no início da investigação?
 O que não se sabia sobre o assunto e motivou a investigação?

Resposta à essas questões envolve um processo de escolha de trabalhos a citar. Em artigo original, não há lugar para revisão extensiva sobre o que foi publicado sobre o assunto. Não se trata de artigo de revisão. Os editores limitam o número de trabalhos a constar na lista de referências e esse limite precisa ser obedecido. 

Mas, se o autor fez revisão detalhada da literatura, deve tentar publicá-la separadamente. Se a revisão estiver publicada ou aceita para publicação, ela será incluída na lista de referências do artigo que está sendo escrito, e menciona-se algo assim: 

"Revisão sistemática da literatura apontou para ...".

Se não houver a publicação mencionada no parágrafo anterior, a introdução do artigo original conterá as referências em que o autor fundamentou seu raciocínio. Entre os critérios utilizados para escolhê-las estão relevância, acessibilidade e atualidade.


Final da introdução


O objetivo da publicação encontra-se habitualmente no fim da introdução. Se o encadeamento de assuntos no início do artigo for adequado, o objetivo será a consequência natural e o fechamento da introdução. Ao iniciar-se a redação, é conveniente ter o objetivo do artigo por escrito. Ele será o ponto de apoio para a composição de todo o texto. 

Quem avalia a qualidade de um artigo costuma verificar se o texto reflete o objetivo e, em especial, se objetivo e conclusão combinam. Daí a importância de ter presente o objetivo durante a redação.

Há diversas formas de expressar o objetivo. Pode-se relacioná-lo ao campo da pesquisa. Outra maneira consiste em redigir o objetivo em função do método utilizado. 

Comentários adicionais


Escritores experientes organizam a introdução com o intuito de despertar o interesse do leitor e fazê-lo prosseguir na leitura. Quem escreve quer ser lido, citado e espera que suas informações sejam úteis para a coletividade. No intuito de agradar leitores e editores científicos, o texto deve ter certas características, entre as quais, concisão, clareza, exatidão, sequência lógica e elegância.

Os editores científicos apreciam introduções curtas mas com informações suficientes e adequadas. Para conseguir texto com tais atributos, é bom lembrar as três regras para bem escrever: 

Revisar, revisar, revisar.



Referências
1. Pereira MG. Artigos científicos: como redigir, publicar e avaliar. Rio de Janeiro: Editora Guanabara-Koogan,2011.
2. Pereira MG. Estrutura do artigo científico. Epidemiologia e Serviços de Saúde, Brasília, 2012; 21(2):351-352.
3. Pereira MG. Epidemiologia: teoria e prática. Rio de Janeiro: Editora Guanabara-Koogan, 1995.

segunda-feira, 14 de março de 2016

PROJETO DE PESQUISA

É um planejamento do método utilizado por um pesquisador que pretende gerar certa pesquisa. O projeto de pesquisa define os rumos tomados pelo pesquisador contendo as questões de estudo, uma maneira de abordar a realidade. Seguir objetivos evitam o desperdício de tempo e diminui o custo elevado da pesquisa. O projeto responderá algumas perguntas:

• O que pesquisar? (tema)
• Por que pesquisar? (justificativa)
• Para que pesquisar? (objetivos)
• Como pesquisar? (metodologia)
• Quando pesquisar?
• Por quem? (cronograma)

Sustentará o projeto uma estrutura do tipo:

• Tema também chamado de assunto da pesquisa;
• Delimitação do tema ou tema específico;
• Justificativa;
• Problema;
• Hipótese;
• Objetivos;
• Objetivos específicos;
• Metodologia;
• Cronograma;
• Referências

Tema – procurar um tema de domínio do pesquisador. O pesquisador tem que provar algo no tema. Estar atento as possibilidades possíveis do assunto. Considerar as contribuições e interesse do tema na área científica. Lembrar que o conhecimento existe em várias áreas, dentre as várias áreas o pesquisador faz sua escolha.

Delimitação do tema – é o tema específico. Para se ter um tema específico é preciso delimitar o tema geral.

Tema geral: A importância da leitura

Tema específico: A importância da leitura No 9º ano.

Justificativa – mostra a importância do projeto. É a resposta do escritor ao projeto.

Barral (2003, p. 88-89) sugere itens relevantes que podem fazer parte de uma justificativa bem qualificada.

a) ATUALIDADE: inserção do tema no contexto atual;
b) INETISMO DO TRABALHO: proporcionará mais importância ao assunto;
c) INTERESSE DO AUTOR: vínculo do autor com o tema;
d) RELEVÂNCIA DO TEMA: importância social, jurídica, política, etc.;
e) PERTINÊNCIA DO TEMA: contribuição do tema para o debate jurídico.

Problema – É feito em forma de pergunta. No decorrer do projeto a pergunta vai sendo explorada e respondida.

Exemplo: Qual a utilidade da era informatizada para a atualidade?

Hipótese – supõem-se algo do tema com possível solução. Só é capaz de surgir depois de formulado o problema.

Objetivos – aqui vão aparecer às pretensões do pesquisador, descreve os prováveis resultados delimitando-os.

Os objetivos dividem-se em gerais e específicos.

No objetivo usa-se verbos no infinitivo.
Exemplos: gerais – analisar, explicar, saber, entender, identificar, descrever, aprender, julgar, compreender, conhecer etc.

Objetivos específicos – mostra aspectos e ações detalhadamente. Assim como o objetivo geral usa verbos no infinitivo o específico também.
Exemplos: específicos – numerar, investigar, relacionar, traduzir, listar, exemplificar, distinguir, aplicar, selecionar, classificar etc.

Metodologia – É o método e técnica utilizados para acontecer à coleta de dados. Vão existir diversos tipos de pesquisas dentre elas: exploratória, descritiva, explicativa, bibliográfica, documental, experimental, levantamento, estudo de campo, estudo de caso, pesquisa-ação.

Cronograma – delimita cada ação feita no projeto de pesquisa em termo de tempo. Pode-se ser em meses e de acordo com cada atividade realizada.

Referências – são as fontes consultadas, parte teórica da pesquisa.

Exemplo: ASTIVERA, Armando. Metodologia da pesquisa cientifica. 7. Ed. Porto Alegre: Globo, 1983.


Fontes
ASTIVERA, Armando. Metodologia da pesquisa científica.
Arquivado em: Ciências, Educação